Venha à mim de corpo inteiro.
Venha desordenando minha falta de jeito
e dando ordens mansas ao meu ouvido.
Venha assim sem meios termos,
chegue antes que eu feche a porta e desligue o som.
Aparta-me com um beijo não tão delicado
e me faça um carinho nos ombros.
Venha à mim de corpo aberto.
Disposto ao acidente,
rendendo-se a tentação.
Venha com versos na língua,
um punhal na mão.
Venha selvagem e louco,
e abandona-me antes que eu abra a porta.
Venha cheio de dedos,
com cuidado de quem ama sem medidas.
Venha desenhando melodias,
entregando-se a perdição.
Venha com coragem e mãos afoitas,
dedos e línguas
e antes que o sol penetre o primeiro raio pela janela da sala,
vá embora deixando um bilhete de saudade e medo.
Venha à mim de corpo intiro.
Porque dei a ti
corpo, sangue, palavra e alma.
Porque sou tua sem qualquer reserva,
mesmo que à isso eu pague ainda mais caro que antes.
Seja meu.
Mas antes de tudo,
IN-TEI-RO!
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