"Faz de conta que Beatriz não tinha angústias. Faz de conta que ela sabia sorrir desatando o nó da saudade e que não esperava anciosa a chegada dele.
Faz de conta que Beatriz não tinha tristezas e que suas mágoas foram transformadas em rios rasos de águas prateadas e que o esquecimento era desculpa para um consolo além-flores que ela plantava no canteiro lateral da casa.
Faz de conta que ela ainda era menina e que sua infância de balas e doces nascia num deserto de poesia e seca. Que seus olhos nãõ guardavam imagens de despedidas e que o brilho fosco deles era apenas porque era inverno e o sol não podia cintilá-los tão profundamente como na primavera.
Faz de conta que Beatriz sabia lidar com as palavras e escrevia cartas de amor aconchegantes, e que seu silêncio era apenas uma pausa demorada e nunca o fim de um começo inesperado. Faz de conta que seu amor não sofria abalos nem fome. Que o vazio que ora a devorava ora a vomitava para fora de uma existência humana era apenas a reticência que jamais terá significado preciso nos poemas ou nas fábulas.
Faz de conta que para Beatriz fazer de conta era mais fácil, mais sutíl, mais inteligente que deixar que a realidade falasse por seus gestos solitários e secretos, faz de conta que para ela fingir era menos doloroso que ser. E por isso continuar fazendo de conta era mais emocionante e proveitoso que viver de fato sem qualquer máscara. sem qualquer mentira.
Talvez por isso então é que todos os dias muitas vezes por dia ela começava a pensar : 'era uma vez...' e tecia sua fala e sua pele, seus sonhos e vivências, sua fome e seus dias segundo a fantasia que alimentava a sua única verdade; a realidade crua."
faz de conta que os sonhos Beatriz tinham uma nudez incontestável e que seu desejo de não mais ser era permanente.
ResponderExcluirbjs
Olha,
ResponderExcluirSerá que ela é moça?
Será que ela é triste?
Será que é o contrário?
Será que é pintura o rosto da atriz?
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Olha,
Será que é de louça?
Será que é de éter?
Será que é loucura?
Será que é cenário a casa da atriz?
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Sim, me leva para sempre Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ah, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz
Olha,
Será que é uma estrela?
Será que é mentira?
Será que é comédia?
Será que é divina a vida da atriz?
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida...
assim que terminei de ler, só veio esta canção na mente...
lindo... saudades... ando sem tempo pra gente conversar... mas, te amo, viu... bjbjbj
ResponderExcluirlinda imagem!
ResponderExcluirEm "conto", conta a estória e cria mais uma personagem de faz-de-conta, um encanto!
ResponderExcluirPS.:Obrigado pela visita nas entrelínguas, não tenha pudor de entrar naquele bordel semântico, só fará o que quizeres, quem faz a interpretação é tu... Está convidada à comparecer ao "Grupal" beber um vinho, sem compromisso! =)
O poder de criar e mudar o rumo de sua própria história. Quantas vezes não mudamos nosso roteiro e a vida passa a ter uma cor diferente. Beatriz se cria, essa liberdade é uma herança dada aos seres imaginativos.
ResponderExcluirLindo