
"Alice, me diga, o que levas daqui, para ai onde está sem quase não querer?
me diga se as nuvens são doces, se o céu é mesmo estrelado, se daqui fica saudade tormenta, dolorosa, como em mim deixou.
Alice, me diga; se daqui levou o livro, o pingente de marfim, o bilhete de amor que esquecia no jardim, ou se de tudo, apenas desejo permanente de não ir. (?)
me diga; antes que de dúvida eu morra na saudade de sua palavra doce. diga, antes que meus olhos se esqueçam do seu olhar tão menina, erva-tão-doce! Me diga se de longe ainda sim me podes amar como devoto a ti um amor que não existe. (?) me digas, porque senão hei de adormecer sem qualquer sonho de afeto e lembranças suas.
Ah, Alice, me diga qual a música, qual a palavra, qual o gosto do desgosto de te ver partir. me diga! me diga agora qual a vantagem de ter asas, se voo este tão rasante se voa sozinha, sem meu sorriso e toques a te acompanhar tão vigilante. (?) então me diga, o que se leva? o que se leva quando se está tão longe quanto estás. leva momentos de saudade, de gestos encantados, de palavras mal terminadas? me diga, para que eu possa falar a ti o que fica. (agora tão longe!)
Alice, me diga! porque em voz embargada de tarde, fim de tarde de abril, outono de folhas tão vivas quanto seus olhos a me tatear no escuro de antes, te digo, muita saudade de ti.
Ah Alice, me fere os pés a lembrança de tua paixão tão desaforada pela vida, e assim, num luto desesperado sem saber se terá fim, me pergunto:
onde deixar sua fotografia que vez ou outra, me assombra no corredor?
apesar de tudo, sinta-se beijada,
daqui sinto um abraço como aquele de antes!"