sábado, 26 de março de 2011

Ao teu abandono


"mando notícias minhas através do vento que ao cair da tarde toca sua pele macia e branca. o aperto no peito vem para te lembrar do amor que existia e você por motivos estes condenou.
mando notícias porque meu coração não se cansa de esperar pelo dia da sua volta. as horas nos levam cada vez mais para longe. haverá regresso? o tempo essa enorme alavanca do destino, nos afasta. asfixia o ar da saudade e me entorpece de pavor ao ver que o portão jamais se abrirá;
quanto tempo ainda resta para que meus olhos possam pousar sobre a tua calma aparente? quanto tempo ainda serei torturada, castigada, por erros infantís?
nunca mais haverá perdão, meus erros foram fatais a ti?
pensei que no amor essa estranha fatalidade era condição e não estado. pensei. amor como esses onde unir significa transformar dois em um, pensei que não houvesse fim.
de que forma devemos agir? naturalmente como virar a página para prosseguir a história?
eu acho que não há nada que possa destruir completamente um amor como o nosso. a menos que de qualquer modo, não exista mais aquilo que nos uniu.
meu recado para ti é passivo a correções. peço ao teu abandono que revogue meu direito de te amar sem medidas. é isso que peço. que permitas que eu te ame. de qualquer modo, seja como for."

sexta-feira, 25 de março de 2011

Ode ao fim


"o trepidar da vida me assombra. estou de qualquer forma dizendo sempre adeus. não sei o motivo exato, o que sei é que é sempre assim. existe um eterno fim em mim.
é preciso acreditar que nada dura eternamente, que nem sempre existe final feliz. estamos sempre a dizer nossa última palavra, a cometer nosso gesto último.
histórias de amor tem fim. não há nada que começe que não teermine. o fim devia ser algo natural, como começar. mas existe algum mistério em se ver o fim.
será que não somos capazes de compreender nossa própria finalidade? somos finitos. andamos de mãos dadas com a morte.
haverá o dia em que nenhuma palavra será mais inteira.
seremos nós mesmos, sobras."

quinta-feira, 24 de março de 2011

Fragmentos de uma despedida


"eu te vejo ir sumindo. sem deixar qualquer bilhete. sinto sua partida como quem pressente o próprio fim. acabou.
(mas, o amor acaba?!)
mofa sua roupa e seu perfume aqui. vazio de partida. nada. retumba o som dos teus pedidos e desejos. silêncio. pontas de cigarro no chão. pedras coloridas dissolvendo no estômago. palavras. cada palavra tem uma cor.
(qual a cor da saudade?)
sua palavra fria a retumbar meus ouvidos ainda inflamados de amor. crueza dos fatos subordinados. abandono. retumba implacavelmente suas palavras de amor agora. o resto da vida durou um ano e três meses, não?
(c0mo se mede o tempo?)
devolve só a paz. aquela que me touxe quando chegou. devolve só o olhar amendoado brilhante. aquele que um dia te encantou. depois bate a porta. não olha para trás. segue. afinal. precisas de amor de alguém que de fato quer-te muito além de mim. o meu amor por ti não serve. erva daninha.
(destruo tudo que toco?!!, acho inevitavel isso.)
vais embora então. malas por fazer. decisão tomada. fim. e depois do fim, o que se diz?
Não entendo. peço ao tempo que me faça esquecer. pois lembrar é saber que perdi o homem que mais amo em toda minha vida.
não faço súplica,
desabafo.
Eu amo você apesar de acreditar que jamais saberei fazer você feliz.
Obrigado por tudo. por todos os dias, horas, segundos.
cada palavra, carinho, gesto."

Recado ao tempo


"que seja breve. de qualquer modo, que este sentimento seque. se tranforme com o outono em folha seca. assim, amarga será a lembra. menos doce a saudade.
que seja breve, meu caro amigo, pois doer fundo é morrer sem saber de que se morre afinal. que seja breve, para que eu possa sofrer a meu modo. sem deixar vestígio de qualquer felicidade.
preciso que esse breve momento, seja ainda mais breve, para que minha voz não se cale para sempre. amor mudo. ainda que amordaçado.
que seja breve o trepidar dessa ventania, que a quatro ventos se espalhe e se transforme em mera memória surda. que não atende por nome, por não saber mais. mando-te recado. rezo a ti ladainha da saudade e do passado. minhas asas tentam alçar voo razo. me espalho. catar o resto de mim é tarefa ádua. mas saberei juntar com o adiantamento das horas.
hoje ainda é presente sua ausência. mas as horas nos separam.
as horas nos separam para sempre."

Bilhete de despedida


"Jamais deixe de acreditar que te amo. o amor que sinto está além de julgamento.na verdade, qualquer sentimento está acima de qualquer subjulgação. Nunca se esqueça também de que você foi o único pelo qual pude lutar. viver é óbvio demais para mim.
esteja certo que levarei comigo em qualquer canção que eu ouça, o seu olhar de verde-azul tão esperança. e que sua companhia estará comigo. seja como for.
me perdoe por todos os erros, mentiras e discussões. jamais estarei aos pés do seu sentimento. esteja livre para amar e ser amado grandiosamente. o meu amor distrói. machuca.
estou sangrando daqui, continuarei por um tempo até quando não puder sentir mais nada, quando estiver suspensa.
Morta.
Seja feliz!
seja como for."

quinta-feira, 17 de março de 2011

Escombros III


Os dias foram entrando casa a dentro. As palavras foram mofando de tempos em tempos. As frutas da geladeira deixaram o doce amargar. As folhas começaram ficar amarelas. O sentimento mudou de lugar como qualquer móvel da casa;
Os meses passavam com o chegar dos sêlos das cartas que vinham de longe. Nunca mais houve diálogo. deleitávamos ou fugíamos em monólogos extensos. Era fácil saber quando já era noite; a palavra adormecia.
As horas foram nos devorando. os cabelos e a barba crescendo feito grama regada por chuva. a esperança vai mudando de cor. vai se refugiando de um verde-azul que anda longe. perdido? (!?)
As verdades vão se dissipando num espaço chamado vazio e a alegria vai incomodando. Parece que ser triste é ser-humano. condição.
Soletrar palavras é denunciar qualquer desespero que não grita; geme. escrever torna-se impossível porque palavrear coração é tarefa que foi dada a poetas. (não sou?!) devagar vou deixando que a saudade traga de volta qualquer vestígio ou pista de que felicidade existiu. e sorrio. mesmo que neste sorriso aja mais tristeza que vontade.
no fundo,
adormecer é mais difícil que pensei."

segunda-feira, 14 de março de 2011

Escombros II


Minhas cartas escorrem chuva;
escorrem lágrimas de uma saudade inexistente.
Nas minhas cartas, palavras secas desenham passado.

Eu não sei.
o barulho pertinente do adeus, agora escorando nas janelas da sala.
não sei se escuto. se deixo como memória.
espero apenas pelo dia em que fantasmas tenham desaparecido.

Minhas cartas, daquelas que deixava sobre a mesa da cozinha,
escorrem sangue de um vermelho rubro.
as palavras proferidas, derramadas ou inventadas, vem de um in-tento!

Não sei,
não posso saber. tenho certeza do abismo. sub-humano.
qual seria a condição de quem ama? resposata que aguardo. ansiosamente.

Minhas cartas, nelas peso. carvão. chumbo.
material este de que se faz dentes e alma.
não separo. as entranhas são o meio. e estar no meio é viver de absorção;

Não me pergunte motivo algum da minha fala,
estou a passos largos de finais, ando tortamente no intervalo do climax para o fim.
no fundo finalizar alguma coisa é desistir.

e eu não posso.
ainda pulso.

domingo, 13 de março de 2011

Escombros I


Eu não sei
se o que resta é sangue ou tinta.
Sei que de qualquer forma resta qualquer resíduo no fundo.
eu não sei se o que tenho são palavras mastigadas ou pedaços de vírgulas, pontos ou números.
Eu não si,
se arrisco num salto ou se já cansada, estou no chão.

Eu não sei.
sei apenas que ainda estou aqui,
latejando.
trombando com o escarneo;
dessolvendo sulfuricamente com o resto do sentimento que um dia havia sido puro.

Eu não sei.
apenas voo ao vento da tarde,
apago o cigarro cansado.
durmo num estado de morte
e
me esqueço;
será verso
ou
escombro?!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Da sutileza


"a esperança devia vir assim, em forma de balões coloridos para enfeitar não só o coração, mas esse imenso azul do céu. assim, toda vez que alguém precisasse de esperança, era só olhar para cima e seguir adiante.
por isso é que sou assim, meio colorida, meio desnorteada, porque preciso de imagens claras das palavras. e esperança para mim é exatamente isso. ver o colorido inevitável da vida e a leveza desses balões que nos enchem de liberdade e voo.
- ontem perdi tanto tempo. podia ter feito qualquer frase perdida. podia ter deixado apenas como está. podia simplesmente fechar os olhos para não ver. mas não há saída. não. meu coração é quem viu. e vendo este pronto!
fica aqui a mesma esperança que sinto para ti. acaso precise. e se precisar, não pense, use-a.
a grande maravilha da vida mora ao lado, na mãe de todos os sonhos. e a ela chamamos de ESPERANÇA.
um beijo de chuva".

quinta-feira, 3 de março de 2011

Do ato de rebelar-se


"de qualquer jeito, é preciso partir. de tentar chegar a qualquer outro lugar. longe daqui. É necessário que se desça do solto. que saia correndo, que grite. é necessário perder a noção. a razão. e deixar que fale alto o coração. é preciso que sejamos de qualquer modo corajosos. para que depois não seja preciso o arrependimento. é necessário rebelar-se; deixar que os monstros falem. que a alma voe alçando distância grande; léguas.
de qualquer jeito uma hora é preciso que se faça um accordo de paz; consigo mesmo;. que nos liberte de qualquer fantasma, medo. passado.
porque não adianta, passado é passado e ponto final.
eu já estou indo; querendo alcançar qualquer pedaço de mim que ontem a noite se foi."

quarta-feira, 2 de março de 2011

Da natureza da pureza


"um amor puro. fica dentro do meu coração. daqueles de beijos com gosto de bala. de sorvetes em dias de sol. num domingo de tardinha. é; daquele amor que remedia qualquer febre, qualquer lágrima, qualquer dor sem limite que nos aplaca de vez em quando.
um amor daqueles que não importando onde estamos, haverá felicidade, porque estaremos ali, juntos, debaixo de um céu de estrelas infinitas.
fica dentro do meu coração. e fica aqui guardado, esperando o tempo deixar que um dia chegue a você. porque dessa pureza toda, de uma força grande que tem, só pode ser sua, e de mais ninguém.
eu tenho esse amor, daquele de querer receber flores, de querer responder cartas de amor. daqueles que nos olhos, e pelos olhos transborda a verdade daquele sentimento do fundo. petrificado. único. humano.
é desse amor que falo. desse que não importando quando, nem onde, haverá chance. sempre. não importando quando. sejamos apenas esperançosos para que de alguma modo, ele possa existir ou co-existir um dia;. em nós, nos outros. "

acabei. é disso que queria falar hoje. daquele amor que desejamos e não temos porque de algum modo achamos ser impossível. há na impossibilidade a prova concreta da certeza. da clara certeza de poder existir.e existindo precisamos apenas nos abrir.