sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ode á Alice


"Alice, me diga, o que levas daqui, para ai onde está sem quase não querer?
me diga se as nuvens são doces, se o céu é mesmo estrelado, se daqui fica saudade tormenta, dolorosa, como em mim deixou.
Alice, me diga; se daqui levou o livro, o pingente de marfim, o bilhete de amor que esquecia no jardim, ou se de tudo, apenas desejo permanente de não ir. (?)
me diga; antes que de dúvida eu morra na saudade de sua palavra doce. diga, antes que meus olhos se esqueçam do seu olhar tão menina, erva-tão-doce! Me diga se de longe ainda sim me podes amar como devoto a ti um amor que não existe. (?) me digas, porque senão hei de adormecer sem qualquer sonho de afeto e lembranças suas.
Ah, Alice, me diga qual a música, qual a palavra, qual o gosto do desgosto de te ver partir. me diga! me diga agora qual a vantagem de ter asas, se voo este tão rasante se voa sozinha, sem meu sorriso e toques a te acompanhar tão vigilante. (?) então me diga, o que se leva? o que se leva quando se está tão longe quanto estás. leva momentos de saudade, de gestos encantados, de palavras mal terminadas? me diga, para que eu possa falar a ti o que fica. (agora tão longe!)
Alice, me diga! porque em voz embargada de tarde, fim de tarde de abril, outono de folhas tão vivas quanto seus olhos a me tatear no escuro de antes, te digo, muita saudade de ti.
Ah Alice, me fere os pés a lembrança de tua paixão tão desaforada pela vida, e assim, num luto desesperado sem saber se terá fim, me pergunto:
onde deixar sua fotografia que vez ou outra, me assombra no corredor?
apesar de tudo, sinta-se beijada,
daqui sinto um abraço como aquele de antes!"

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A ti de qualquer modo


"estava a te desenhar em versos e prozas. quando de repente entendi que não haviam palavras para falar desse amor maldito que tanto me derrama em vírgulas.
torta fiquei entre beijos e recados que você ainda não responde. minhas cartas são meu coração embrulhado. verbos e adjetivos em carne viva. perto de qualquer machucado que nunca cicatriza.
não sei se meu recado de agora te alcança. minha palavra cantada pode funcionar como desculpas também. caso falar contigo desse amor de doa tanto quanto a mim.
não quero que doa qualquer palavra, aqui são pedaços de sentimentos costurados, alinhavados com um pouco de tempo. de água, de vinho também.
meu recado, ah, esse ultrapassa a noite escura da insônia. meus versos correm sangue grosso, pisado, feito ungimento. é mistura de veneno e alimento. não sei mais de onde falo. dou voz a qualquer pedaço de mim que não conheço, mas que ama. assim como o outro lado. que sofre. sem saber de que.
mando-te flores. qualquer uma que exale um doce perfume que mata. mata a fome. porque me alimento quando de qualquer modo te sacio.
deixo memórias na cabeçeira quando saio pela manhã. se te encontro?
não sei.
talvez dentro de mim sua fotografia esteja oxidando."

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Gosto de você


"gosto dos abraços fortes, dos carinhos de dengo, dos beijos calmos, onde bocas se encontram num exercício de poesia.
sou daquelas que acredita no amor, que sente saudades e que chora, mesmo que chorar não sirva para muita coisa.
gosto de bilhetes, de recados, de relógios, que estão parados. gosto de ouvir, mas ser ouvida é para mim ainda mais delicioso. gosto de amar sem pedir licença. gosto de amores que entram, espalham as folhas, desarrumam gavetas, depois se leva tempo para se arrumar tudo, juntinho. tomando um café, ouvindo um blues.
gosto de você. assim. tão simples que chega perder a graça encantada do romance. mas é assim mesmo. gosto de como você me olha. de como me deixa sem ar, de como se aninha no meu colo. de como me ama. de como você me diz do seu amor.
gosto de me deixar levar por suas promessas. por seus encantos. sua simplicidade e tranquilidade. gosto de ti e ponto. porque além de ti, em mim, existe um pedaço enorme de você!"