quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sobre a mesa


"o que fizemos até ontem? o que deixamos de fazer depois da minha chegada? o que ainda cabe em mim e em ti, que não sobra, não ultrapassa, o que ainda serve? nossas palavras se tornaram mudas? nossos versos deixaram qualquer impressão de passado? o que se passa agora? o que nos faz hoje, depois da minha chegada, diferentes de dois dias atrás? ou dois anos?
o que sei são as coisas inevitáveis que alcanço daqui. e daqui, depois de abrir a porta, colher flores e enfeitar a mesa, vejo que tudo aqui parece completamente de cabeça para baixo. aqui ou sou eu? nada seria como antes, não é?
o chá, as flores, os beijos, a cumplicidade, as palavras todas que nos faziam maiores, tudo isso enferrujou. tudo o que está aqui hoje foi tocado pela severa presença do tempo. a menos que sejamos nós. sempre voláteis a enorme capacidade de mudança repentina. eu não sei.
deixo este bilhete. cheio de perfume. escritos com as mesmas mãos que colheram cedo as flores sobre a mesa da cozinha. a mulher que escreve, bem; talvez seja outra. ou a mesma menina que sonhava com o brilhante final feliz de sempre. depois de amanhã é agora. e sou daquelas que não vive esperando.
um beijo."

Um comentário:

  1. Obrigado pela visita.
    gosto muito dos seus poemas, acho que seus poemas e seus versos são parecidos com os meus, são versos que nos da vontade de cantarolar e sair cantando na rua.
    Você não entra no msn?
    queria poder conversar contigo.
    beijos.

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