
vamos fazer assim. deixar que as folhas encubram as lágrimas.
que o sol ofusque nosso brio.
façamos assim, cada um inventa um fim. cada um descobre novo caminho.
vamos ficar assim. estatelados, assustados pelo começo. surpreendidos pelo fim.
mas não sejamos hipócritas, não roubemos a poesia.
façamos assim: nem você nem eu, que sobreviva o nós. como sempre antes e que ele nos conte mais tarde o que precisava ser dito.
vamos deixar assim, cálida a tristeza, o riso mudo, a falta de ar evidente. nos vemos pois amanhã. onde tudo será brevemente.
deixemos que nossos riscos sejam filtrados, que nossa saliva amargue. ou endoce. porque hoje é preciso que se calem qualquer dos verbos mal(ditos).
ficamos assim.
nem eu,
nem você;
o instante.
para que ontem nunca se finde.
para que hoje tenha fim.