quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Acordo

Vamos deixar assim como está.nem você, nem eu. vamos fazer de conta que o instante congelou e que com ele levou todo o sentimento.
vamos fazer assim. deixar que as folhas encubram as lágrimas.
que o sol ofusque nosso brio.
façamos assim, cada um inventa um fim. cada um descobre novo caminho.
vamos ficar assim. estatelados, assustados pelo começo. surpreendidos pelo fim.
mas não sejamos hipócritas, não roubemos a poesia.
façamos assim: nem você nem eu, que sobreviva o nós. como sempre antes e que ele nos conte mais tarde o que precisava ser dito.
vamos deixar assim, cálida a tristeza, o riso mudo, a falta de ar evidente. nos vemos pois amanhã. onde tudo será brevemente.
deixemos que nossos riscos sejam filtrados, que nossa saliva amargue. ou endoce. porque hoje é preciso que se calem qualquer dos verbos mal(ditos).
ficamos assim.
nem eu,
nem você;
o instante.
para que ontem nunca se finde.
para que hoje tenha fim.

...e deixa que as notas dessa canção falem mais do que nós. só por hoje!

"Liguei para pedir socorro.

Não soube.

Fiquei MUDA!"

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Carta número 4

Eu te leguei ontem. Lembrei da primeira ligação onde me atrapalhei toda com sua tranquilidade. Lembrei das poucas palavras que ouvi, do calor do verão e pude até ver seus olhos, aqueles de um verde-azul a me apaixonar sempre.
Eu te liguei ontem e pude perceber que o tempo havia passado. (que muitas palavras e ligações haviam acontecido desde a primeira.)
notei ontem um certo economizar de versos na sua fala. notei ontem, logo na noite alta que não havia tanto frescor como antes.
Eu te liguei ontem e não sei se sou eu ou você que de longe; perdeu aquele brlho tão encantado de ontem.
Eu te liguei e minhas palavras saíam costumeiras, balzaquianas e corriqueiras. pareciam perdidas numa realidade a sufocar meus versos tão dionisíacos.
eu me perdi na dobra da realidade. fiquei presa num cotidiano que desejei porém me consome.
Eu te liguei e mesmo de longe não senti o beijo molhado daquela primeira ligação, de antes, de muito antes.

Onde Deus possa me ouvir


Sabe o que eu queria agora, meu bem...?

Sair chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo desengano
Mas a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém.

Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender porque se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber

Meu amor...
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor...
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui pode sair.

Adeus...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Do levar

Te levo assim, como patuá.
Levo sorriso de garoto;sorte.
Levo lágrima salgada;amor.

Te levo assim, como baú.
Camisas sujas de batom mais vermelho.
Bilhetes amarelados do tempo de tanto tempo antes.

Te levo assim, como fotografia.
Momentos congelados pela emoção do segundo.
Certezas que se desmancham quando cai chuva.

Te levo assim, como documento.
Indentifico-me pelo amor.
Registro nos fatos suas digitais.

Te levo assim, como vício.
Cruzo contigo no corredor.
Trmbo com você no escuro sombreado do quarto.

E descobro que não te levo, mas te tenho.

sábado, 15 de janeiro de 2011


Por Que
(otto)

Por que você me quer assim,
Triste e traiçoeiro?
Se eu posso dividir meu corpo,
meu amor

Pra que ficar assim desesperada,
se ele falou que não lhe quer
até de manhã?
Vou esquentar os pães, seus dedos,
até de manhã.
Vou esquentar os pães, seus dedos.

Por que você me quer assim,
Triste e traiçoeiro?
Se eu posso dividir meu corpo,
meu amor

Pra que ficar assim desesperada,
se ele falou que não lhe quer
até de manhã?
Vou esquentar os pães, seus dedos,
até de manhã.
Vou esquentar os pães, seus dedos.

Na vida
Tenho muito o que dançar
para aguentar o peso
para parar de pensar no erro
Por que você não quer
ficar tranquila um pouco?
Seu rosto é mais bonito rindo.

Pra que ficar assim desesperada,
se ele falou que não lhe quer
até de manhã?
Vou esquentar os pães, seus dedos,
até de manhã, vou esquentar os pães, seus dedos.

Por que você me quer assim,
Triste e traiçoeiro?

Por que você me quer assim,
Triste e traiçoeiro?

Por que você me quer assim,
Triste e traiçoeiro?

Ontem


eu morri ontem.
(na porta da rua)
eu morri ontem.
tentando não ser sufocada pela ilusão do amor que jurei sentir.
eu morri ontem.
(sozinha embrulhei o sentimento no papel de pão.)
engoli qualquer palavra que queria se esparramar.
misturei minha carne com os cacos de vidro e tristeza; das garrafas dos bêbados e apaixonados da rua.
eu morri ontem.
esqueci de avisar das contas pagas em cima da geladeira.
esqueci também de ligar para você e dizer adeus.
esqueci um cigarro aceso.
esqueci minha carta mal escrita num livro qualquer.
eu morri ontem.
(deixei recado apenas que havia saído, que precisava passear.)
mas tudo o que pude fazer foi morrer, ontem.