quarta-feira, 16 de junho de 2010

Pós-chuva


"era como enxugar as lágrimas depois de uma briga."
O meu pós-chuva resume-se a isso, um enxugar das coisas que vazam. ultrapassam a barreira dos olhos. exasperam a capacidade dos poros. me obrigam ao dilatar sem que haja espaço suficiente para desaguar.
Limito as condençar das coisas e exito por vezes medir qualquer esforço de controle, na chuva é assim, um eterno e sistemático desaguar. tento limpar as lentes dos óculos, os vidros do carro, das viraças da sala de visitas, mas neste pós-chuva, além da brisa fria que vem lembrar os ossos de suas validades vencidas, o que me vem são essas gotas, quentes, a torturar minhas páginas mais brancas, tão virgens quanto o sentimento.
Tento não me liquefazer como ela, tento me manter sólida, para ser devorada pela fome silenciosa dos amores, mas em muitos momentos sinto-me escorregar garganta abaixo de quem me deseja só não assume.
Revogo as promessas, os sonhos, as incertezas, percebo que depois da chuva, pareço amolecer não só de amor e saudade, mas de demência. minha doença deve ser contagiosa, compartilho esperanças alheias. reconheço os pés afoitos que engolem a escada. talvez seja o momento de reflexão. não entendo. acredito nas coisas fugidias. amanhã fará sol e eu nem sem se já haverá passado para escrever.

2 comentários:

  1. Nossa que lindo *.*

    ''tento me manter sólida, para ser devorada pela fome silenciosa dos amores''

    Lindo demais teus textos, nao me canso jamais de repetir! (:

    beijos linda . :*

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