quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sobre o nosso fim***


Ele apagou o cigarro e a única certeza que tive foi que havia também apagado todo aquele sentimento que em nós nos fazia grande. Eu continuei fumando, em mim ainda morava nosso deserto, nossas palavras inféteis.
Já nele, que depois do cigarro apagado, passou as mãos no meu cabelo, o sol havia parado de queimar, já não éramos espelho refletindo opostos, éramos estranhos, mas até aí nenhum frescor, apenas a confirmação do início.
Éramos apaixonados. Não nos cabia a paixão pelo outro, morríamos em nós mesmos. E isso dificultava o exercício. Isso fazia da nossa história final sem começo ou meio. Éramos egoistas. Medíamos a medida da entrega. Doáva-mos como quem somente empresta. Queríamos sempre a devolução.
E foi exatamente assim, no início da noite que sentados num banco de uma praça pequena nos dissolvíamos. Deixamos de existir e nossa existência imediatamene ganhou leveza. Ganhamos inesperadamente a liberdade!

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