terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Declaração!

A outra parte que existe em mim, sou eu pelo avesso, a começar pelos olhos.
A outra metade que me arrasta a esse avesso, fuma sem escrúculos e me diz palavras de um amor tão bonito quanto o céu de abril.
Essa outra parte, fumante e apaixonada, de cabelos um pouco dourados e de uma pele mais que marfim, costura minha pluralidade com a linha mais colorida da liberdade.
Esse outro avesso sobressai a medida que de mim se apropria, não como espaço, mas como sentença. Rouba de mim tudo aquilo que acha bonito e me devolve ainda mais enfeitado.
A outra parte toma um café amargo que distoa do gosto de seu beijo, gosta de inventar as coisas com jasmim e me propõe comer não só o chocolate com damascos às duas da manhã, mas envolve-me com isso numa aura de desejo e entrega que não conheço resposta negativa para afirmar mesmo que baixinho ao telefone.
Essa outra parte me escreve cartas de amor a todo instante quando de mansinho vem ocupar um espaço que já é seu e que eu insisto em mostrar com certa agressividade doce que ainda precisa andar muito para me alcançar.
Esse avesso que reflete reverso, abraça-me com um tesão a exalar pelo ar não só a vontade, mas a potência que existe por trás desse desejo de me ter tão viva quanto seu desejo. E isso me faz tremer a cada investida desumana e perigosa. E que me arrasta a um delírio cada vez maior e mais intenso.
Essa outra parte, andante como meu espírito, acendeu em mim fogueira tão dionisíaca que hoje, ainda com resquícios apolínios, me faz querer me afogar. Esse mar tão grande que vejo e sinto nos teus braços me recupera de mim e dos outros tão assustadoramente como se eu a cada dia nascesse de novo.
Essa parte, tão silênciosa e falante, tão quieta e atuante, tão doce e pulsante é você, você, você!

Eu te amo!

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