quinta-feira, 27 de maio de 2010

"..."

Existe em mim uma inexatidão expantosa. capaz de arrancar rubores na face de quem me olhe com mais paciência. Nunca fui capaz de definir se menina ou mulher. se flor ou borboleta. acho que muitas vezes pedra. tomando forma conforme o passo.
Fico entre a luz e a sombra. o ato e a criação. o que me dá direito de ser apenas um ideal. jamais uma realidade de verdade ou mentira. posso misturar ficção. atrelo-me a essa ilusão de que nada é como de fato mostra-se.
POr isso sou incompreendida. Por relativizar muito mais que pontuar. conheço mais das vírgulas. pontos finais não fazem parte da minha história, que preciso escrever todos os dias. Existo entre o espaço de duas vígulas, com a certeza de uma reticência. Tenho qualquer coisa que abomina o fim. tenho qualquer coisa que já é o fim. Parte de mim abre asas, a outra parte encerra. fecha os olhos. não sei quando sou noite ou dia.
Rabisco tentativas de identidade. sou toda felicidade. muitas vezes estado de graça. venho de qualquer paraíso. mas de repente desconheço pedaço que me completa. sou guerra. choro. vela. vago por distâncias que não cabem meus passos. perdida. como a procurar abrigo em dia de chuva.
Escuto canções que me fazem flutuar. adoro doces que me adoçam. brinco como criança de castelos e areia. derrubo meus sonhos. sobreponho outros. Vejo a lua, canto. peço qualquer proteção. tenho medo de escuro porque gosto das cores fortes. vibrano como meu desejo. Sou feita de qualquer ilusão passageira. e não tenho medo de passar. morrer também é mudar de estado. sofrer metamorfose é grande segredo.
Peço que de leve me observe. e diga com qualquer palavra o que sou. porque também sou feita disto. daquilo que me escapa aos olhos.

2 comentários:

  1. Vejo-te de barro. Com a voz vai moldando a tua melodia, quando quiseres pertencer é só cantar o teu canto.

    Entregar-se é dadivoso

    Beijos,

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