quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"Sobre teus olhos" **

Teus olhos me devoram desumananos.Esse par de olhos negros que não enxergam bondade, apenas desejam escárneo. São eles, assim, perigosos, vertiginosos e molhodos que me fascinam, mesmo sendo tarde.
Teus olhos, hoje, depois de me ver apagando mais um cigarro do dia, procuravam em mim, depois de tudo, com alguma doçura o amor que tanto dei e que você negava. Amor este que se foi com o equinócio do mês passado. São esses teus olhos, brilhantes e secretos que me fez ontem a tarde chorar feito criança pequena de saudade ou de medo, não sei. Foi a lembrança execessiva deles à procurar em mim sossego, assombro ou paz que bem tarde, bem tarde, derramei sal sobre todas as cartas que escrevi e não entreguei que agora vão se desmanchando com o resto do sentimento que sobrou.
É assim, como num quadro, numa fotografia que imagino teus olhos, revelando todo o pavor por trás da beleza. Em aquarela, sangue e suor, seu corpo é desenhado e concebido, assim, ainda deitado do meu lado a segurar as minhas mãos abandonadas no espaço do abismo que nos fez e faz cada vez mais sozinhos. Porque somente assim, nú e de olhos abertos, exposto como obra de arte é que faz sentido para mim a paixão que vivemos alguns dias e que me arrastou durante anos. Assim, apenas assim, desse jeito apaixonado e rasgado, como sempre fui e serei.

Ps: Nunca acreditei na verdade que teus olhos exaltavam, e você nunca pôde entender o valor real das minhas palavras, eis os nossos erros.
Imperdoáveis.

Perdoe apenas a indiscrição do meu observar.

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