quarta-feira, 12 de maio de 2010

Da mais doce espera

Essa moça sou eu, na gangorra. Sim. Sentindo o vento desse inverno tão perigoso na cara, nos cabelos. Sim. Sou eu esperando-te. Eu, de ponta a cabeça. Remexendo em sentimentos que não sei se inventei ou se de fato, existem. Sei que os carrego comigo. e isso me basta.
Essa moça, de razões absurdas e unhas coloridas, busca domar suas bestas na madrugada secreta do mês de maio. Fuma, sonha. Não dorme porque acha que fechar os olhos é perder tempo demais...e como ela gosta de ficar acordada!
Essa moça, de emoções violentas, de paixões sangrentas, de amores em silêncio, que balança como quem dança com outro corpo melodia de cama, de sexo, de entrega, sou eu, a esperar-te tão charmoso, tão discreto, tão silênte. A moça, que toma cafés diferentes, que cheira alfazema depois de escrever qualquer segredo, que inventa palavras, para esconder sentimentos, sim, essa sou eu, na gangorra a tua espera. Tão intranquila como o último telefonema pela madrugada, que sem querer nos deixamos perdidos por sementes que ainda não floriram....
Essa moça, cujo o laranja do céu desenha tatuagens eternas em sua alma, cujo o sonho maior é ser de fato livre, é alcançar qualquer mistério para que de vida encha seus dias, bem, essa moça, tão desajeitada e desarmônica, que balança nesse balanço tão solta, sim, sou eu numa tarde de frio esperando-te chegar de qualquer viagem, de qualquer compromisso, de qualquer história....para que juntos possamos rir.
Sim, essa frenética e descompassada menina, mulher, por vezes escondida, sou eu....vestida de sonho e poesia, tentando encontrar qualquer sopro de vida, na vida, qualquer justa adequação para os meus verbos imperfeitos....sim, essa sou eu, desmemoriada e vagante, florescente e enferrujada, feita de carvão, barro, flores e espinhos, sim, esta menina, tão confusa e muitas vezes assustada, sou eu....que ouve bossa nova, que esquece os dias, que respira primaveras coloridas a tinta aquarelada, essa menina te espera...tão breve, tão só, tão pura!

Venha ouvir aquele disco comigo, balançar em qualquer gangorra ainda que em desequilíbrio.
Venha, não espere que a saudade seja grande, que a lágrima por algum motivo escape.
Venha antes, para que juntos possamos sorrir vendo o fim de uma tarde tão grande como a desse inverno.
Venha para causar ternura e espanto!
Venha!

M.

3 comentários:

  1. Mell

    "Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro. Não conheço strip-tease mais sedutor."
    (Martha Medeiros)

    Delícia brincar na gangorra!

    Já somos amigas me permite fazer uma observação visual? Difícil ler no rosa ou será que estou com visão cansada pelo tempo.

    Beijos querida,

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  2. Antes que o tempo nos abrace e nos faça perceber que já é tarde demais...

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  3. moça,

    te esperei no Café.

    tu me deu bolo, rsrs.
    esse café vai se arrastar mais uns dias... um beijo.

    até.

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