segunda-feira, 3 de maio de 2010

De uma despedida

Ao som de "Insensatez"
e um incenso de Alfazema. (para doer menos)

"Estou indo, talvez cedo demais, talvez tarde;não sei. Sei que vou. Com a respiração ofegante e o coração machucado. Refaço as malas e deixo as chaves sobre a mesa. Não deixarei bilhete. Apenas ausência. A falta de palavra. O não-verbo. porque em mim se desfez a ação. voltei ao luto. estou atrelada a dor e não posso mais.
Estou indo. Na cabeça uma canção antiga. no pulso ainda aquela fitinha amarrada com os desejos inventados. no coração a enorme falta de tudo, como sempre foi. sempre. Vou sem a paz que em teus braços busquei. e tive. por algum tempo. vou, porque não quero que o amor morra. que a fogueira se apague. então, antes que seja tarde, vou. para que mais tarde o encontro seja definitivo. ou não seja mais. seja como for.
Estou indo mesmo querendo ficar. precisando ficar. mas indo. escolhas esfaceladas. pisando na ponta dos pés para que nem barulho eu faça. mesmo quando quente a lágrima escorre. vou. mesmo sabendo que nos seus braços tenho a calma. ainda muitas bestas a domar por aqui. estou perdida, cega. e por isso também vou. para que não leve de ti o mais bonito. engolindo o soluço rouco, vou. para te devolver a paz. porque estou em guerra.
Estou indo, ouvindo a canção da despedida. ouvindo sua fala abafada em súplica para que eu fique. mas indo. a estrala será de enormes percalços. sem ti, ainda contigo nos olhos, nas mãos, ainda mais difícil. mas vou, para que depois não fique tarde!

Um comentário:

  1. Foto e texto formaram uma coisa só...lindo!


    Estou aguardando o café e o e-mail!

    rsrs

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