quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Estou morta

A saudade é o revés de um parto. É a dor de um filho que já morreu.

Estou em pedaços, junta-me.
Estou diante do abismo, salva-me.
Estou deitada sobre a luz negra da noite, ilumina-me.
Estou em lugares tão sombrios, venda-me.

Estou em pedaços espalhados pela terra.
Em sangue que já não circula e em palavras que não saem.
Estou em roupas puídas, em cal e pedra,
em madeira e água.

Estou perdida,
tão longe que nem a velocidade da luz alcança.
Estou tão cega e tão surda
que não existem subornos capazes de me comprar.

Estou morta, porque morreram meus olhos e minhas falas.
Estou totalmente cega e morta!

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