
Entre papéis, canetas coloridas, cigarros, músicas, chicletes e sentimentos, eis que surgem os excessos, que de qualquer forma precisam ser escoados...
sábado, 29 de maio de 2010
Das minhas negações

sexta-feira, 28 de maio de 2010
Aquela menina

quinta-feira, 27 de maio de 2010
"..."
Fico entre a luz e a sombra. o ato e a criação. o que me dá direito de ser apenas um ideal. jamais uma realidade de verdade ou mentira. posso misturar ficção. atrelo-me a essa ilusão de que nada é como de fato mostra-se.
POr isso sou incompreendida. Por relativizar muito mais que pontuar. conheço mais das vírgulas. pontos finais não fazem parte da minha história, que preciso escrever todos os dias. Existo entre o espaço de duas vígulas, com a certeza de uma reticência. Tenho qualquer coisa que abomina o fim. tenho qualquer coisa que já é o fim. Parte de mim abre asas, a outra parte encerra. fecha os olhos. não sei quando sou noite ou dia.
Rabisco tentativas de identidade. sou toda felicidade. muitas vezes estado de graça. venho de qualquer paraíso. mas de repente desconheço pedaço que me completa. sou guerra. choro. vela. vago por distâncias que não cabem meus passos. perdida. como a procurar abrigo em dia de chuva.
Escuto canções que me fazem flutuar. adoro doces que me adoçam. brinco como criança de castelos e areia. derrubo meus sonhos. sobreponho outros. Vejo a lua, canto. peço qualquer proteção. tenho medo de escuro porque gosto das cores fortes. vibrano como meu desejo. Sou feita de qualquer ilusão passageira. e não tenho medo de passar. morrer também é mudar de estado. sofrer metamorfose é grande segredo.
Peço que de leve me observe. e diga com qualquer palavra o que sou. porque também sou feita disto. daquilo que me escapa aos olhos.
Das minhas faltas

"Falta-me o cigarro aceso entre os dedos para me ajudar a engolir esse bolor de luto que se aproxima cada vez mais violento e duro.
Falta-me.
Junto dessa falta, a ausência de qualquer coisa, qualquer palavra viva, anunciação de qualquer promessa, cumprimento de qualquer mandato. Estou atrelada ao nada. Aquele vazio oco, de onde escorrem fantasmas. Pouco me foi dado durante todo esse tempo. Com esses restos, fiz qualquer coisa que achei ser poesia. Qualquer coisa que me deixasse menos muda. Menos silenciosa. Menos desajeitada com as minhas mãos e língua.
Falta-me o ar, que por vezes invadia os pulmões cansados renovando qualquer esperança tardia. Pelo que sei, estar a espreita de qualquer sentimento é negar a distração do acidente. e ser previsível é algo que jamis seremos. estamos condenados ao acaso, seja como for.
Dos meus dedos, trêmulos, ainda saem caminhos que tento não seguir tão desordenadamente. Dos meus pés ainda reconheço a fome de vagar por lugares tão incertos, a me deixar nua. Dessa minha nudez, que por vezes, embora jamais concordasse, revejo todas as pedras que me atiraram e as cicatrizes, que embora, ainda restam, observo como quem esqueçe de lembrar de tomar qualquer remédio para ajudar a suportar a dor. (conviver com a dor, de certo modo, conforta!)Das minhas mãos, onde carrego como em conchas todo o meu sentimento, resta-me a segura, a desidratação de todos os prelúdios. Carrego nelas a inexatidão da minha vida.
Falta-me um pouco de calma. Olhos menos atentos, menos apavorados. Porque nesta escuridão, nada como um canto de acalanto. que jamais ouvi, mesmo escutando as melhores músicas. Estou em estado equatorial. balanço entre tantas verdades inperfeitas. desenho em qualquer canto de mim rastros, quero ser seguida. desvendada. mesmo que aos poucos. confluir salivas. palavras. qualquer sensação que me faça viva. ou me mate. porque morrer também tem seu mistério profundo.
Esqueci de deixar qualquer luz acesa. para que quem quiser não errasse o caminho do abismo que se desmancha gradativamente. no meu deserto murcham-se as flores daquele lilás tão vibrante. sintonizo com o arco-íris. num luto tão barulhento quanto aos gemidos ensaiados por vezes em braços tão estranhos e familiares. já não sei render a essa luxúria. o prazer me devolveu o silêncio e a língua cansada. como meu peito, que já não reconhece batida. palpita. engasga. o amor tem dessas preguiças. ainda sim esqueci de deixar qualquer sinal. para que pelo menos pelo perfume alguém venha e me siga. tenho pressa de ser tudo. embora me confunda em cores e semitons, tão inventados como meu sorriso.
Falta-me qualquer razão. qualquer buraco razo onde eu possa me deixar por algum segundo escondida, esquecida. estou exposta até as víseras. e meu coração já é chão. esteio por onde piso.
Sofro desse vazio irreparável. repleto de tudo. numa constante guerra de dois mundos. eu sofro de todas as coisas e estando assim, sofro ainda mais de nada. porque não conheço outra maneira de mentir. de deixar que minha verdade fale.
de repente me calo, engulo qualquer vestígio de ilusão, amor, sonho; me preparo para mais um mergulho. que não conheço, mas que de qualquer forma, me salva."
terça-feira, 25 de maio de 2010
Do Escrever

Escreve

"Escreve no meu corpo qualquer carícia sua.
deixa em mim qualquer vestígio seu.
qalquer desejo que conheço e realizo, mesmo quando cansados esquecemos a janela aberta e nos amamos para o mundo.
Escreve no meu corpo qualquer arranhão, qualquer mordida. deixa que de leve minha lembrança depois me devolva a incrível sensação daquele momento.
Escreve no meu corpo sua palavra mais bonita. mais sincera. mais safada. mais desmedida. porque em nós quando na cama, nunca sobemos medir qualquer gemido.
Escreve no meu corpo sua saudade mais aguda. para que de lembrança eu morra a tua espera. para que de desejo eu sufoque qualquer pedido. para que de amor eu viva a tua chegada.porque em nós existe qualquer sintonia de dor. muitos pedidos de desculpas.
Escreve no meu corpo teu desejo mais profundo, para que de confusões, delírios e fugas, nos encontremos sempre.
para celebrar o amor que deveras sentimos um no outro.
Nos olhos

Do que sou

Da Espera

segunda-feira, 24 de maio de 2010
Do meu observar

quinta-feira, 20 de maio de 2010
Das Tentativas

quarta-feira, 19 de maio de 2010
Bem de Leve

bem de leve, me abraçe.
deixa que sobre teus ombros eu derrame minha fúria. meu medo. meu delírio.
bem de leve,
escorregue as mãos sobre meus cabelos.
demore-se na carícia da nuca, para que eu me sinta tão desejada quanto desejo.
bem de leve,
me ponha no colo,
extenda no exercício de me fazer chorar. para que de alegrias morra em teus braços.
bem de leve, me beija.
e neste beijo entregue-se,
para que de amor, eu me enfeite e viva.
bem de leve, me aqueça;
porque está frio meu amor,
e meu corpo já não resiste sem o seu.
terça-feira, 18 de maio de 2010
Das Meninas

Do outono ao seu lado

domingo, 16 de maio de 2010
Da lembrança da tarde

quinta-feira, 13 de maio de 2010
Nós

quarta-feira, 12 de maio de 2010
Do Roubo
Da mais doce espera

Essa moça, de razões absurdas e unhas coloridas, busca domar suas bestas na madrugada secreta do mês de maio. Fuma, sonha. Não dorme porque acha que fechar os olhos é perder tempo demais...e como ela gosta de ficar acordada!
Essa moça, de emoções violentas, de paixões sangrentas, de amores em silêncio, que balança como quem dança com outro corpo melodia de cama, de sexo, de entrega, sou eu, a esperar-te tão charmoso, tão discreto, tão silênte. A moça, que toma cafés diferentes, que cheira alfazema depois de escrever qualquer segredo, que inventa palavras, para esconder sentimentos, sim, essa sou eu, na gangorra a tua espera. Tão intranquila como o último telefonema pela madrugada, que sem querer nos deixamos perdidos por sementes que ainda não floriram....
Essa moça, cujo o laranja do céu desenha tatuagens eternas em sua alma, cujo o sonho maior é ser de fato livre, é alcançar qualquer mistério para que de vida encha seus dias, bem, essa moça, tão desajeitada e desarmônica, que balança nesse balanço tão solta, sim, sou eu numa tarde de frio esperando-te chegar de qualquer viagem, de qualquer compromisso, de qualquer história....para que juntos possamos rir.
Sim, essa frenética e descompassada menina, mulher, por vezes escondida, sou eu....vestida de sonho e poesia, tentando encontrar qualquer sopro de vida, na vida, qualquer justa adequação para os meus verbos imperfeitos....sim, essa sou eu, desmemoriada e vagante, florescente e enferrujada, feita de carvão, barro, flores e espinhos, sim, esta menina, tão confusa e muitas vezes assustada, sou eu....que ouve bossa nova, que esquece os dias, que respira primaveras coloridas a tinta aquarelada, essa menina te espera...tão breve, tão só, tão pura!
Venha ouvir aquele disco comigo, balançar em qualquer gangorra ainda que em desequilíbrio.
Venha, não espere que a saudade seja grande, que a lágrima por algum motivo escape.
Venha antes, para que juntos possamos sorrir vendo o fim de uma tarde tão grande como a desse inverno.
Venha para causar ternura e espanto!
Venha!
M.
terça-feira, 11 de maio de 2010
Da partida

Amanhã cedo vou pegar a primeira viagem. Levarei o maço de cigarros quase vazio, que você fumou depois de fazer amor comigo. como todas as vezes.
Amanhã cedo vou partir. Guardarei na mala só um pedaço do amor que contruimos e que se perdeu sem que tivéssimos de fato culpa.
Amanhã cedo, bem cedo, antes de você acordar escreverei um bilhete tão mudo que a palavra deixada será apenas ausência. Acho que não caberá qualquer outra palavra, nenhum outro verbo.
Arrumarei a mala sem que você perceba que chegou o fim. Para que só sintas a falta quando o trem já tiver partido. Será menos dolorosa a nossa despedida.
Lembrarei de todas as canções que escutamos juntos, do céu estrelado, das juras de amor, das inúmeras vezes que me perdi dentro dos teus olhos. Da janela do vagão, escutarei na vitrola do pensamento aquele grito ensurdecedor da Janis, que você tanto gosta, que tanto abomino. acho que esta será a lembrança mais viva. O som perturbador dela e nós dois, sentados na varanda vendo a lua cheia.
A garrafa vazia debaixo da rede, do relógio em cima da cama, suas mãos pregadas nas minhas costas, sua respiração ofegante e intranquila, suas cismas e seus afetos. Tudo isso estará comigo. Seja coomo for.
Mas, amanhã cedo vou partir. Ainda que não sofra por essa despedida. Ainda que ame tua verdade como única. Irei. Meus pés já trilham outro caminho.
Talvez nos encontremos algum dia. Talvez não. Talvez essa despedida seja tão fácil e tão breve, a não saber contar no tempo. Talvez não.
Mas amanhã estarei de pé, pegarei a primeira viagem. Deixarei tua casa, tua vida. Bordarei na camisa uma saudade que carregarei sempre. Deixarei meu perfume para que de alguma forma também não fique esquecida.
**Não se esqueça de pintar aquele verão tão tropical, que me falou ontem a tarde, será dele a lembrança mais absurda!
Um beijo!
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Do convite

sexta-feira, 7 de maio de 2010
Menina

Ao homem que amo

Carta ao Tom

terça-feira, 4 de maio de 2010
Do encontro que sempre temos
Espero-te com a mesma fome e o mesmo medo. Com a estranha sensação de que serei devorada. Na mesma hora marcada há anos atrás, quando ainda brincávamos de descobertas.
Encontro-te com a mesma febre. anti-térmicos não sutem efeito. Queimo de um desejo inventado. Assim como suas mãos, trêmulas, ainda, buscam qualquer conforto em minhas curvas.
Espero-te com a fala cansada, imprecisa, pungente. Recebo-te ainda quieto, num silêncio absurdo. Que até hoje não sei se de fuga ou entrega. não importa. Nunca nos importamos muito. Queremos apenas saciar nossa euforia. Queremos sempre apenas o gozo mais profundo, para que por alguns intantes nossas almas se tranquilizem. Ainda que vivamos em tempestades infindas.
Espero-te com o mesmo vestido, com o mesmo olhar distraído. Com o mesmo frio, com a mesma pergunta. Para que de cotidianos, nosso desejo dure. Estarei confusa como na primeira vez. Me entregarei com a mesma fúria. Te receberei com o mesmo sorriso, a mesma malícia. Porque você também vem assim, com as mesmas resalvas, com os mesmos gestos. Com a mesma fome, com a mesma língua.
Atearei fogo em seus projetos e tu, impiedoso, matará em mim a sede de um suspiro. Trocaremos carícias perdidas. Porque estamos perdidos. Faremos amor como sempre. Num exercício de fixar a mesma sensação, o mesmo gemido. Precisamos dessa repetição. Somos fantoches. Acreditamos no ensaio dos corpos. Talvez para calar qualquer outra emoção que não conhecemos e temos medo. Talvez por apenas ser cômodo amar sem tanta loucura.
Esperto-te. Sem qualquer medo de que não apareças. Porque sei que estás tão à minha espera quanto eu a tua. Sofremos pela mesma necessidade. E isso nos faz ainda mais juntos.
Na mesma hora. No mesmo lugar."
( no som, um jazz muito antigo, um incenso de Morango para nunca esquecer e na boca, a mesma bala de caramelo de sempre, para excitar!)
Do amor mesmo doente

Era doce, ainda que muito violenta a forma que nos amávamos naquele quarto. Rancores e afetos, mordidas e beijos tão demorados. Não sabíamos se morríamos enfim de amor ou de ódio. Suas mãos tateavam em mim qualquer paraíso, qualquer renúncia, em ti, com a ponta dos dedos, eu buscava qualquer certeza morta, qualquer carinho escondido, qualquer verdade inventada. Nossos olhos perdiam-se entre o azul e o castanho, nma mistura de almas confusas e apaixonadas. Desesperadamente.
Em nós existia qualquer coisa de fuga, de esconderijo, qualquer coisa de urgente, embora jamais pudéssimos saber que coisa era esta exatamente que procurávamos. Estávamos atrelados numa costura firme, em gestos demorados e doentios. Éramos dois em busca de um encontro único. Ainda que a unidade estivesse comprometida. Inutilmente.
Queríamos amar com um amor maior. Com menos silêncio, com menos surdez. Com mais música e menos pedidos. Queríamos que esse amor acontecesse de qualquer forma, mesmo que para isso fosse preciso esquecer de fato quem realmente éramos. Para findar numa existência múltipla, porém única.
Era farta a fome, a sede, a coragem da entrega. Era insondável as medidas que nos cabiam. Parecíamos, enfim, perdidos dentro desse nós que construimos sem saber ao certo onde começávamos e terminávamos. Bebíamos de uma fonte inesgotável de ilusão. Que secou. Que nos deixou imundos. Que nos deixou saciados. Em estado de overdose.
Extrapolamos a capacidade de entender o que de fato havia nascido em nós. Estávamos completamente loucos. Doentes, em estado terminal. e isso não foi suficiente para que acabasse. Ainda sim fundíamos cada vez mais, misturavam-se ainda mais nossas dores, nossos desafetos. Nossos carinhos eram sangrentos e nossa fala já estava perdida. Gozávamos motivos desconhecidos, mas ainda sim gozávamos. Estávamos irreparavelmente amaldioçados pela paixão que concebíamos. e ainda sim, seguíamos. Presos pelos pés. Correntes nos dentes. Gume nas línguas. Ainda que um dia possamos estar livres.
Ps: Eis que por isso acaba, precisava que o teu amor me libertasse do silêncio, que juntos pudéssimos ter dançado sua incrível melodia, mas não, não pude dançar sua felicidade!
Ainda sim te amo!
segunda-feira, 3 de maio de 2010
De uma despedida

e um incenso de Alfazema. (para doer menos)
"Estou indo, talvez cedo demais, talvez tarde;não sei. Sei que vou. Com a respiração ofegante e o coração machucado. Refaço as malas e deixo as chaves sobre a mesa. Não deixarei bilhete. Apenas ausência. A falta de palavra. O não-verbo. porque em mim se desfez a ação. voltei ao luto. estou atrelada a dor e não posso mais.
Estou indo. Na cabeça uma canção antiga. no pulso ainda aquela fitinha amarrada com os desejos inventados. no coração a enorme falta de tudo, como sempre foi. sempre. Vou sem a paz que em teus braços busquei. e tive. por algum tempo. vou, porque não quero que o amor morra. que a fogueira se apague. então, antes que seja tarde, vou. para que mais tarde o encontro seja definitivo. ou não seja mais. seja como for.
Estou indo mesmo querendo ficar. precisando ficar. mas indo. escolhas esfaceladas. pisando na ponta dos pés para que nem barulho eu faça. mesmo quando quente a lágrima escorre. vou. mesmo sabendo que nos seus braços tenho a calma. ainda muitas bestas a domar por aqui. estou perdida, cega. e por isso também vou. para que não leve de ti o mais bonito. engolindo o soluço rouco, vou. para te devolver a paz. porque estou em guerra.
Estou indo, ouvindo a canção da despedida. ouvindo sua fala abafada em súplica para que eu fique. mas indo. a estrala será de enormes percalços. sem ti, ainda contigo nos olhos, nas mãos, ainda mais difícil. mas vou, para que depois não fique tarde!