sábado, 13 de março de 2010

Venha!


Venha à mim de corpo inteiro.

Venha desordenando minha falta de jeito

e dando ordens mansas ao meu ouvido.

Venha assim sem meios termos,

chegue antes que eu feche a porta e desligue o som.

Aparta-me com um beijo não tão delicado

e me faça um carinho nos ombros.


Venha à mim de corpo aberto.

Disposto ao acidente,

rendendo-se a tentação.

Venha com versos na língua,

um punhal na mão.

Venha selvagem e louco,

e abandona-me antes que eu abra a porta.


Venha cheio de dedos,

com cuidado de quem ama sem medidas.

Venha desenhando melodias,

entregando-se a perdição.

Venha com coragem e mãos afoitas,

dedos e línguas

e antes que o sol penetre o primeiro raio pela janela da sala,

vá embora deixando um bilhete de saudade e medo.


Venha à mim de corpo intiro.

Porque dei a ti

corpo, sangue, palavra e alma.

Porque sou tua sem qualquer reserva,

mesmo que à isso eu pague ainda mais caro que antes.


Seja meu.

Mas antes de tudo,

IN-TEI-RO!

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