segunda-feira, 15 de março de 2010

Das delicadezas


Ao som de "Poema"
e um incenso de Lua (para clarear!)


Debaixo do céu, um abraço. Daqueles apertados. De urso. Isso seu ficou em mim, tão evidente como sua mala deixada na porta quando chego naquela tarde de chuva.

Debaixo do céu, num escuro de presente e passado impreciso, um beijo que formou-se no céu de uma boca sedenta, apaixonada, perigosa.

(As estrelas vigiavam mansamente um amor que começava. Sabíamos que seria um estado definitivo. Amaríamos para sempre, com todas as nossas delicadezas.)

Debaixo do céu, infinito como a cor dos seus olhos, ficava te olhando perdida. Procurava na rua, nas flores do canteiro da praça, o seu perfume tão adocicado como forte. Procurava nitidez de qualquer razão para esquecer a sua falta. Desculpas delicadas como a saudade.

Debaixo do céu, de um mar de estrelas cadentes, procurei sua palavra cantada, tão doce como a despedida de minutos atrás, procurei suas mãos desnorteadas pelo corpo que já tem seu nome, procurei inventar qualquer mentira para esquecer o anseio de rever-te tão breve como nossa última transa.

(Dancei, pisei em poças dáguas de chuva, como se o coração estivesse também enxarcado, dancei para esquecer que a solidão me faria companhia por algum tempo não determinado mais infinito para mim. Dancei porque dançar me devolveria a liberdade, me devolveria a sensação de que você ainda está aqui, que seus olhos cintilantes ainda me observam em clareza e desejo. Dancei, com tal leveza a suspirar os pulmões aliviados. )

Debaixo do céu, amor, um chá de flores tão frescas como seu sorriso. O cheiro da flor de laranjeira a abençoar a noite de uma saudade que pulsa, que rola, que vai acomodando no peito outra lembrança. Que vai engasgando a lágrima, que vai ensurdecendo os versos mais simples.

Debaixo do céu,meu amor, pequenos segredos revelados, das delicadas e ingênuas declarações, a um pedido de socorro tão mudo quanto o beijo de um adeus nunca esperado. Debaixo desse céu, de estrelas tão evidentes, um deserto de flores liláses, que de qualquer forma você me leva...deixa as correntes mais frouxas, estou a entregar-te um coração tão grande quanto ferido.

(...nessas delicadas nuances de cores róseas, beijos de antigos namorados, imploro,

- Mata-me com a delicadeza do seu amor tão demente quanto minha alma!

De tudo que disse, que guarde apenas a certeza de um amor delicado! eu te amo.

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