quarta-feira, 24 de março de 2010

Olho você em tudo***

No som Eu te amo
e um incenso de Laranja


"Olho você em todas as coisas. Suas mãos silenciosas e ávidas ocupam os espaços semi-cerrados do meu corpo vento. Olho você de longe e percebo seu dilatar a cada passo largo do meu caminho. Absorvo-te como o orvalho numa pétala, roseando. Acabo sendo sua nesta trépida manhã. Acabo sendo sua sem ter tempo de determinar as horas.
Olho você em todos os rumos. Mesmo sendo a estrada longa e os passos um pouco mais curtos. Ando em ti como em mim você doidamente circula. Estamos atrelados aos passos e aos caminhos. Verbo do sujeito do indicativo. Sou presente e passado, você o futuro do presente. Estamos verborragicamente ligados a ação. dou-te palavras e febres.
Olho você neste longo afago. No abraço que sinto, que recordo. Relembrar requer certas doses de melancolias. Encaixo a cabeça no teu ombro e serena e morna aqueço-me em teu suposto préstimo.
Olho você em todas as coisas, demoro-me em observar tua palavra mansa se derramar em minha cama, em minhas roupas. demoro-me em teu riso, em tua respiração ofegante na minha nuca. Entraves do nosso corpo galgando outros espaços ainda não percorridos.
Olho você nos dias e nas noites. Nascendo e criando raizes tão profundas e submersas como nosso amor evidente, exagerado. Como nosso encontro acidentado. Encontro-te nas tardes, tão sublimes como sua procura. Como suas respostas. como sua presença.
Olho você em mim. Dedos, língua, peito, mãos, palavras, gestos, sorrisos.
Olho você em mim e me absurdo!

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