domingo, 4 de abril de 2010

Da despedida

No som qualquer coisa que doesse o coração
e um incenso de Saudade.(porque no fundo era tudo que sentiria dela)

"...Os cabelos perfumados ao vento era a melhor lembraça dela. Aquela música que tocava em seu carro também. A flor que sempre atrás da orelha direita, deixava no ar sempre aquela imagem da menina que em dias de chuva pensava em andar pelas ruas descalça e feliz.

O sorriso, que antes de ver pela ultima vez trazia um sol brilhante, hoje, antes de sair deixou a estranha sensação de ter sido o último. Os olhos marejavam. O coração parecia uma onda. As palavras eram barcos sem porto. Ela sempre chegava para iluminar. Mesmo que sua chama fosse escondida por debaixo de algumas incertezas. Mesmo que em escuridão estivesse sua palavra quase morta. Seu silêncio era capaz iluminar. de incendiar. porque mesmo falando pouco, seus olhos eram janelas escancaradas da sua alma.

Quando caminhava parecia voar. e sempre dizia que um dia estaria longe. que um dia precisaria partir. precisava brincar de construir o futuro. mesmo que este futuro fosse estranho e impreciso. Sempre pensei que para construir o futuro era preciso ir vivendo, jogando. descobrindo as peças principais. mas não, ela, a menina dos cabelos de sol, deixou-me esta lição. o futuro é apenas a construção do nosso hoje, porque ontem já pertence a um passado insondável. O agora é o futuro e eu sempre me esqueço disso. por isso sinto saudade, por isso sinto tanto.

ela fechou os olhos e ofereceu seus lábios. estava vestida de um vermeho escarlate. carregava uma bolsa e um livro. as sandálias eram as que compramos juntas em algum verão anterior. o engraçado é que ainda era verão. (eu não sabia quanto tempo havia então se passado entre nós.) Enconstada na parede suspirou porque tinha pressa. Uma pressa que sempre existiu em suas ações. em seu sentir. fiz um breve carinho em seu rosto. ajeitei a flor dos seus cabelos. alí parecia que o tempo passava rápido demais. apesar de não conhecer o tempo dela. e ter esquecido o meu.

O carro lá fora esperava por um destino que seria traçado em breve.

-então isso é o fim?

-é apenas isso. a nossa última despedida.

de repente o carro já não estava lá fora. e da janela pude ver apenas o sorriso que ficaria em mim até que começasse tudo de novo.

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