segunda-feira, 12 de abril de 2010

Dos empréstimos


No som "Um dia, um adeus"
e um incenso de Uva.


" Te emprestei as cores. As rudimentares. Como a minha fala. Te emprestei a palavra, para que dela forjasse o sentimento bruto, ainda a pedra que pulsa.

Te emprestei o verbo de ação. Concomitante com meu passo sujo. Te emprestei a liberdade de criar para que dela abusasse o destino e a sorte.

Te emprestei os papéis, para que neles desenhasse não só as sombras, mas os rios de risos que por vezes nos envolvia um sábado. Te emprestei a verdade para que dela omitisse metades. Diante disso tu tão solene e evaziva, devolveu-me em sonhos e recados.

Te emprestei a coragem, a falta da vergonha, a imprecisão dos dias e o tempo, para que disso tudo você apenas colorisse o instante do adeus. Para que enfeitasse a saudade e me envolvesse em ondas tão coloridas como o arco-íris.

Te dei a matéria prima para que transformasse em amor. Para que dela ousasse o beijo ou a fala. Transformou-me em figuras muito abstratas. Devolveu-me forma sem que delas eu realmente pudesse fazer-me. Te dei a bruta flor do querer para que dilapidasse na melhor síntise que te caberia. Te ensinei como me amar. E hoje entendo como te amar me faz tão viva. Tão pulsante. Tão bonita!

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