sábado, 17 de abril de 2010

Da ternura

No som qualquer coisa que acalma
e um incenso de Flores do Campo (para enfeitar)

"Ela dançava como quem escutava suas vozes interiores. Parecia não ter medo do mundo nem da maldade. Ela simplesmente dançava, como quem entende o coração pulsante daquele instante mágico.

Ela tinha verdade nos olhos e sua pele suava todo o sentimento que não cabia do lado de dentro. Estava enfestada de anjos, ria dos demônios do seu espírito, porque alí, estava em estado de pura graça.

Conhecia sua fome, tinha sede de pequenos delitos. Seus delírios misturavam ao balanço suave dos seus longos cabelos pretos. Amava com o amor puro. Desejava com ofuscantes raios vermelhos nos olhos. Nas mãos tinha a coragem de guiar e nos pés a febre mais que humana de caminhar.De sempre ir seguindo.

Ela dançava a felicidade. Exaltava com o coração puro as belezas do mundo. Chorava por vezes de certa alegria mansa. Ria de si. Embrulhava os outros como presentes. Carrevaga-os consigo como patuás de sorte. Vivia intensamente o momento, para que de saudade morresse depois.

Ela tinha nos olhos qualquer brilho de menina, sendo uma mulher inteira. Feita a mão. Em todas as curvas. Pedia em versos mudos que apenas não a julgassem, porque ela apenas vivia. E não existe critério para julgar a vida. Ela fazia desenhos no ar, qualquer pedido como a propagação da paz e do amor. Exaltava a lua e se sentia filha da mãe natureza, que a concebia todos os dias.

Ela tinha todas as cores. Vestia-se de ideais e não se intimidava em travar todas as lutas por eles. Era firme e mesmo assim parecia, assim de longe, uma flor da manhã, desabrochando enfeitada com orvalho da madrugada. Conhecia o mistério que rondava todos os corações. Floreava histórias que lhe pareciam tristes, para dar certa leveza ao mundo.

Ela dançava com o mundo, ao som de um coração cheio de esperança. E eterna ternura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Atente-se para o Indizível: