quarta-feira, 28 de abril de 2010

Do descansar



"eu queria descansar minha dor admirando esse mar.
queria poder não sentir por alguns segundos, como parar de respirar num mergulho.
queria o não sentir das coisas, por algum momento que fosse, para talvez, inventar.
eu queria recostar minha fala no teu ombro. deitar no verbo que faria de nós um só. mesmo que neste instante, onde os chinelos sem o pé, procurassem um caminho ou uma presença. que fosse por este instante, eu me demoraria a esquecer da tua chegada. mesmo que brevemente partisse.
queria deixar meus olhos soltos, morrerem na paisagem que se desenha a medida que amo. quieta. queria que eles desvendassem qualquer secreto desejo do meu cansaço. qualquer promessa da minha cegueira provisória.
queria tirar férias de mim, das minhas falas, dos meus papéis, dos meus relógios, e até mesmo do meu sentir, experimentar outras. para que na hora do retorno o prazer venha gemer bem agudo no ouvido atento de quem me espera. saudoso!
eu queria deitar minhas costas sobre esta cadeira larga, despejar o meu sufoco e minha fúria. quem sabe, dormir um sono encantado, para que depois, acordada eu veja tua face nua. qualquer lágrima ou sorriso.
queria que esse descanso viesse logo, a ânsia da espera me faz ainda mais cansada. mas é tempo de esperas, não de chegadas.
esqueceria os chinelos, os livros, os discos, por qualquer segundo que fosse, para me demorar na imensa sequidão do nada. do oco. do vazio.
porque quando voltasse estaria renovada. ou viva!

3 comentários:

  1. Feche os olhos e apenas aspire tudo a sua volta. Caia em tua alma.

    Um beijo, querida.
    Obrigada por me vistar sempre.

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  2. ahh, como eu queria!


    "mais é tempo de esperas..."



    quando tomamos o café?

    beijo moça,
    uma boa tarde e bom fim de semana!

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